
Poesia de Wilson Soares de Araújo.
Natal, 14 de julho de 2009.
Quando alguém me vir chorando,
E a interrogação se veja sem anágua
Incessante é um pranto quem está falando
Entretanto, não entenderão sua deságua.
A saudade ela é quem nos desidrata,
Por momentos somos até um açude
Afogando a ausência que nos maltrata,
Que transborda, jorra e nos açude.
Eu sou por vezes um açude cheio,
Mas a Deus oro por Sua misericórdia,
Ele abranda o meu coração triste em anseio
Com Seu antídoto contra a discórdia.
Saudades, tristezas e, vazio tão desolador
Sentida no espaço onde nada é encontrado,
Clamo a Deus nosso Pai e Criador
Sinto a falta do meu herói arrebatado.
Senhor aceite o meu perdão!
Sou tão somente um pecador
Os teus desígnios, eles tem unção
Oh! Espírito Santo, meu consolador.
2 comentários:
olá meu caro pós-moderno,
primeiro agradeço pela cirúrgica e viceral crítica a uma das minhas filhas mais novas...
ela nasceu de um breve e delirante pressentimento de que o iníquo já tinha nascido(delírios)
mas há de nascer...
falando agora do Tugúrio, eu percebo que eu não sou o único embriagado por fortes emoções...
dentro de mim também transbordam metros cúbicos de sentimentos misturados como uma turva baia de pensares...
em agradecimento pela crítica e Tugúrio eu mando agora pra você o que eu classifico com o outro lado da moeda(EU),
um lado mais açucarado dos meus poemas, afinal ninguém é perfeito...
cuidado com a diabetes!
Resgate
Não sinto mais nada
não piso no chão
tocou-me a vida
roubou-me o Leão
Suspenso fiquei
resposta buscava
caindo em mim
subindo estava
Do auto fulgura
O Emanuel
emana perfume
o Cheiro de Céu
Não vou mais chorar
não vou mais morrer
por graça profunda
vou agradecer
No Auto dos Céus
já purificado
meu corpo já brilha
todo transformado
Louva-lo-ei
louva-lo-ei
fui um escravo
Moro Com O Rei
Marcos Roberto de lima Silva
Gratidão
Sou grato pela pitangueira
eu agradeço a goiabeira
eu tenho apreço pelo canto
o gorjear na macieira
Agradecido fico aqui
ao olhar para a videira
pela jaqueira e o caqui
pela romã e a pereira
Sou grato pela firme polpa
da melancia, do melão...
tão suculento suja a roupa..
insatisfeito sujo a mão
Eu agradeço pela manga
caju, banana e açaí
eu tenho apreço pela planta
de onde vem o saputi
Eu agraço a carambola
o limoeiro e pitombeira
o cajá-manga e o umbu
siriguela e laranjeira
Gosto da sombra do juá
gosto do fruto da parreira
o araçá está maduro
eu colho até a derradeira
Eu agradeço pela cor
anil celeste de outono
mas não esqueço de lembrar
de quem de tudo é o dono
Marcos Roberto de lima Silva
Apreço
Gosto da sombra e da penumbra
Gosto do frio e do morcego
Amo a luz que está distante
Ausente sol não me dá medo
Gosto de ouvir a voz da noite
De ventos frívolos a gritar
Ao passar pelas esquinas
Em ermos cantos vem pairar
Bom é ouvir o cricrilar
De puros grilos a cantar
Eu renuncio ao meu sono
Pois quero tudo admirar
Gosto do velho pôr-do-sol
Da forma pluma do pardal
Fico feliz quando percebo
Estas formigas no quintal
Gosto da bela Joaninha
Do João-de-barro e do besouro
Gosto do panda e da iguana
Gosto da arara e do louro
Gosto da brisa que me esfria
Gosto do sol que me aquece
Se lembro destas simples coisas
Esqueço o que me aborrece
Gosto do polinizador
Gosto do fino beija-flor
Não me entenda, ó leitor!
Eu gosto e digo sem pudor
Marcos Roberto de Lima Silva
Madrugada
Nos abraçou a enorme capa negra
rubro é o rastro deste sol ausente
vejo a coruja em pose prepotente
vejo o morcego em voo inconsequente
O coaxar da gia a protestar
cala o silêncio em ermo canto frio
o vento geme por tanta beleza
é bela e negra mas dá calafrio
Os pernilongos em parasitismo
já não respeitam tabefes mortais
a lua cresce branca e imponente
ganha o mancebo a bela em madrigais
A alfa brilha no céu de centauro
enquanto a sombra arrasto pelo chão
oh madrugada de belas estrelas
-dama de preto, és meu lampião
Dorme a cigarra mas ouço cricrilo
o crasso boi descansa densamente
finda-se a luz do poste que definha
beleza e medo vejo veemente
Mas a ausência da torpe manhã
cala os gemidos da prole ateia
só o que restas são pingos de fogo
os condenados da vil alcateia
Mas admiro o anjo da noite
eu agradeço ao leve serafim
o cosmo brilha na fria penumbra
divina é a noite que cai sobre mim
Marcos Roberto de lima Silva
Enlace
O sol se ergue na mão sideral
O pérfido frio me Joga no lençol
Já sinto abraço brando e matinal
O pássaro canta, acorda o caracol
Meu corpo queimava na ânsia e calor
Da falta e excesso de tanto pudor
A caixa do peito trincava em amor
Sou homem, carbono de carne e motor
A concavidade ao longe esperava
Seus negros cabelos já embelezava
O alvo vestido já clamava a vinda
Da bela mais bela a qual admirava
O cheiro da vida exalava das mãos
Daquele que chamam “o alcoviteiro”
Regou nosso peito em água divina
Carnal e estéreo, conduziu inteiro
A noite caira no canto do olho
O terno espesso causava calor
O grito da vida já ensurdecera
O Sim, e o sim foi aquele esplendor
Os corpos queimavam de febre lasciva
Colhi uma rosa num bruto jardim
Os olhos da noiva úmidos brilhavam
Tocou-nos o fino e leve serafim
Mas brinco com tempo a então olhar
Aquele tão alvo rosto angelical
Eu digo “te amo” quase sem notar
Já nos conduziu o belo e divinal
Pra sempre no cárcere que escolhi
Eu quero perder-me e não mais voltar
A bela mulher a quem dissera sim
Prometo amar, cuidar e me entregar
(para Bruna o meu grande amor)
Marcos Roberto de lima Silva
Postar um comentário