segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Tugúrio Emocional!

Poesia de Wilson Soares de Araújo.

Natal, 14 de julho de 2009.

Quando alguém me vir chorando,

E a interrogação se veja sem anágua

Incessante é um pranto quem está falando

Entretanto, não entenderão sua deságua.

A saudade ela é quem nos desidrata,

Por momentos somos até um açude

Afogando a ausência que nos maltrata,

Que transborda, jorra e nos açude.

Eu sou por vezes um açude cheio,

Mas a Deus oro por Sua misericórdia,

Ele abranda o meu coração triste em anseio

Com Seu antídoto contra a discórdia.

Saudades, tristezas e, vazio tão desolador

Sentida no espaço onde nada é encontrado,

Clamo a Deus nosso Pai e Criador

Sinto a falta do meu herói arrebatado.

Senhor aceite o meu perdão!

Sou tão somente um pecador

Os teus desígnios, eles tem unção

Oh! Espírito Santo, meu consolador.

2 comentários:

Arquimedes disse...

olá meu caro pós-moderno,
primeiro agradeço pela cirúrgica e viceral crítica a uma das minhas filhas mais novas...
ela nasceu de um breve e delirante pressentimento de que o iníquo já tinha nascido(delírios)
mas há de nascer...

falando agora do Tugúrio, eu percebo que eu não sou o único embriagado por fortes emoções...
dentro de mim também transbordam metros cúbicos de sentimentos misturados como uma turva baia de pensares...

em agradecimento pela crítica e Tugúrio eu mando agora pra você o que eu classifico com o outro lado da moeda(EU),
um lado mais açucarado dos meus poemas, afinal ninguém é perfeito...


cuidado com a diabetes!

Resgate

Não sinto mais nada
não piso no chão
tocou-me a vida
roubou-me o Leão

Suspenso fiquei
resposta buscava
caindo em mim
subindo estava

Do auto fulgura
O Emanuel
emana perfume
o Cheiro de Céu

Não vou mais chorar
não vou mais morrer
por graça profunda
vou agradecer

No Auto dos Céus
já purificado
meu corpo já brilha
todo transformado

Louva-lo-ei
louva-lo-ei
fui um escravo
Moro Com O Rei







Marcos Roberto de lima Silva




Gratidão

Sou grato pela pitangueira
eu agradeço a goiabeira
eu tenho apreço pelo canto
o gorjear na macieira

Agradecido fico aqui
ao olhar para a videira
pela jaqueira e o caqui
pela romã e a pereira

Sou grato pela firme polpa
da melancia, do melão...
tão suculento suja a roupa..
insatisfeito sujo a mão

Eu agradeço pela manga
caju, banana e açaí
eu tenho apreço pela planta
de onde vem o saputi

Eu agraço a carambola
o limoeiro e pitombeira
o cajá-manga e o umbu
siriguela e laranjeira

Gosto da sombra do juá
gosto do fruto da parreira
o araçá está maduro
eu colho até a derradeira

Eu agradeço pela cor
anil celeste de outono
mas não esqueço de lembrar
de quem de tudo é o dono


Marcos Roberto de lima Silva

Arquimedes disse...

Apreço

Gosto da sombra e da penumbra
Gosto do frio e do morcego
Amo a luz que está distante
Ausente sol não me dá medo

Gosto de ouvir a voz da noite
De ventos frívolos a gritar
Ao passar pelas esquinas
Em ermos cantos vem pairar

Bom é ouvir o cricrilar
De puros grilos a cantar
Eu renuncio ao meu sono
Pois quero tudo admirar

Gosto do velho pôr-do-sol
Da forma pluma do pardal
Fico feliz quando percebo
Estas formigas no quintal

Gosto da bela Joaninha
Do João-de-barro e do besouro
Gosto do panda e da iguana
Gosto da arara e do louro

Gosto da brisa que me esfria
Gosto do sol que me aquece
Se lembro destas simples coisas
Esqueço o que me aborrece

Gosto do polinizador
Gosto do fino beija-flor
Não me entenda, ó leitor!
Eu gosto e digo sem pudor




Marcos Roberto de Lima Silva



Madrugada


Nos abraçou a enorme capa negra
rubro é o rastro deste sol ausente
vejo a coruja em pose prepotente
vejo o morcego em voo inconsequente

O coaxar da gia a protestar
cala o silêncio em ermo canto frio
o vento geme por tanta beleza
é bela e negra mas dá calafrio

Os pernilongos em parasitismo
já não respeitam tabefes mortais
a lua cresce branca e imponente
ganha o mancebo a bela em madrigais

A alfa brilha no céu de centauro
enquanto a sombra arrasto pelo chão
oh madrugada de belas estrelas
-dama de preto, és meu lampião

Dorme a cigarra mas ouço cricrilo
o crasso boi descansa densamente
finda-se a luz do poste que definha
beleza e medo vejo veemente

Mas a ausência da torpe manhã
cala os gemidos da prole ateia
só o que restas são pingos de fogo
os condenados da vil alcateia

Mas admiro o anjo da noite
eu agradeço ao leve serafim
o cosmo brilha na fria penumbra
divina é a noite que cai sobre mim


Marcos Roberto de lima Silva




Enlace

O sol se ergue na mão sideral
O pérfido frio me Joga no lençol
Já sinto abraço brando e matinal
O pássaro canta, acorda o caracol

Meu corpo queimava na ânsia e calor
Da falta e excesso de tanto pudor
A caixa do peito trincava em amor
Sou homem, carbono de carne e motor

A concavidade ao longe esperava
Seus negros cabelos já embelezava
O alvo vestido já clamava a vinda
Da bela mais bela a qual admirava

O cheiro da vida exalava das mãos
Daquele que chamam “o alcoviteiro”
Regou nosso peito em água divina
Carnal e estéreo, conduziu inteiro

A noite caira no canto do olho
O terno espesso causava calor
O grito da vida já ensurdecera
O Sim, e o sim foi aquele esplendor

Os corpos queimavam de febre lasciva
Colhi uma rosa num bruto jardim
Os olhos da noiva úmidos brilhavam
Tocou-nos o fino e leve serafim

Mas brinco com tempo a então olhar
Aquele tão alvo rosto angelical
Eu digo “te amo” quase sem notar
Já nos conduziu o belo e divinal

Pra sempre no cárcere que escolhi
Eu quero perder-me e não mais voltar
A bela mulher a quem dissera sim
Prometo amar, cuidar e me entregar

(para Bruna o meu grande amor)

Marcos Roberto de lima Silva