terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sapato furado!


Poesia de Wilson Soares de Araújo.
Natal, 31 de março de 2008.



Na minha retina de criança gravei!
Não tínhamos com que brincar
As pecúnias eram escassas...
Nada podíamos comprar
Mas; tínhamos a esperança,
Que movia o meu coração.
Ah! Lindas são as lembranças
Não me contenho de emoção
Latas de leite ninho vazia
Arame e um frágil cordão
Enchia de areia a roladeira
Era o meu trem sem vagão.
E com cabos de vassoura...
Fazia um caminhão.
A tampa furada da panela,
Fixa no prego, era a direção.
Estudei no Colégio Sete de Setembro
Na época era da nobreza sua fazenda,
Eu era apenas um pobre aprendiz
Relegado: mas, desejoso em ser feliz!
Lutei contra essas desigualdades...
Repudio qualquer discriminação,
Não chega a ser uma patologia
Mas; fico colérico na incompreensão...
Somos únicos; mas, somos desiguais,
Deus nos fez Sua semelhança.
Uns terão grandes bonança...
Outros...
A diferença que traz.
Aprender é a arte de sobreviver!
Se tu tens tudo o que quer...
O interesse será desperdiço,
Estudar pra que? Se já sou rico!
E eu caminhei diariamente a pé.
Com peça de roupas única,
Sapato furado papelão dobrado,
Vedando o solado desgastado.
Será que venci?Será que eu sobrevivi?
Eu sei o que sei!Aprendi e construí...

Um comentário:

Unknown disse...

Wilson, como eu já te falei pessoalmente, eu admiro a poesia das suas palavras. E esse poema em especial me remeteu à minha própria infância porque no meu tempo os meninos ainda brincavam com latas de leite ninho transformadas em lanternas. Eu admiro todos os poetas porque eles conseguem dizer o que o meu coração sente e eu nao consigo expressar através de palavras. Para mim esse é um dom maravilhoso. Parabéns por seus poemas.